quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sophia

A minha manhã ficou mais clara e radiosa quando ouvi uma interessante entrevista a Maria Andersen Sousa Tavares e soube que o espólio de Sophia de Mello Breyner Andersen foi doado pela familia à Biblioteca Nacional. Ficámos pois mais "ricos" hoje.
Partilho aqui um poema da Sophia sobre identidade e vida. Lindo.


Poema

A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada

Sophia de Mello Breyner Andresen

1 comentário:

  1. Lindo!
    Deveriamos homenagear mais vezes as grandes mulheres portuguesas.
    A sua obra deveria ser incluida no curriculum de português do 2º e 3º ciclo.
    Não acham?

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