segunda-feira, 21 de junho de 2010

Homens e Mulheres em Saramago

Encontrámos esta opinião de José Saramago:
"As mulheres são motores dos homens. Na minha infância, quando vivia com os meus avós maternos, via-se perfeitamente que naquela casa a grande força era a minha avó. E durante toda a vida pude sempre comprovar que num casal a figura forte é a da mulher. O homem alimenta-se da força delas." in O Jornal, 8 de Novembro de 1991

Partilhamo-la aqui em vários sentidos: como uma pequena homenagem a alguém que deixámos de ouvir na sexta-feira passada, mas que queremos continuar a ler e debater; para uma breve reflexão sobre esta opinião sobre o papel social da mulher enquanto força motriz do casal e da família, uma opinião que no fundo consubstancia o ditado popular "Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher". Pessoalmente sempre me pareceu paradoxal esta entidade de casal em que quem é projectado para a ribalta o faz aparentemente com base na força de quem fica na sua sombra. Penso que esta forma de pensar a relação homem/mulher reflecte muito o nosso passado de uma sociedade contruída numa base cristã e a ideia de que a mulher veio de uma costela... por outro lado, há certamente aqui uma ideia de complementaridade de papeis dentro do casal que possibilitava um certo equilibrio num determinado contexto. Será que actualmente estes processos se mantém ou são já diferentes?

1 comentário:

  1. Cara Catarina,

    Saramago referia-se, penso, a uma sociedade rural quase "matriarcal" em que a mulher tinha de facto poder (isso era muito observável, por exemplo, tb no vizinho Alentejo). Poder de tomar e traçar opções importantes para a família: gerir o orçamento familiar, escolher futuro dos filhos..Julgo que se quisermos observar como é este "equilíbrio de poderes" na actualidade, é imperioso ter a unidade familiar como objecto de estudo, de modo intensivo, para perceber se, de facto, muitas das opções que aí são tomadas e que representam, ao nível micro, um "exercício de poder" não menosprezável não têm ainda as mulherees como grandes protagonistas...
    Parabéns pela ideia do blogue!
    Antónia Barriga

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