Susana e os Velhos

A pintura ocidental durante toda a sua historia impôs modelos de identidade, aspirações, valores e espaços diferentes para homens e para mulheres. As mulheres foram copiosamente representadas como objectos, corpos nus que representavam a beleza, o aamor ou a verdade vista de uma óptica puramente masculina.

Um exmeplo é o tema Susana e os velhos, tratado por artistas como: Tintoretto, Rembrent, Ribens e Picasso, etc...

Usualmente os artistas representam Susana como uma vítima de voyeurismo, porém alguns representam Susana consciente e orgulhosa do seu poder sexual sobre os homens, como é o caso da pintura de Picasso exposta no Museu Picasso em Málaga (em baixo).

O tema susana e os velhos é biblíco, que Daniel, 13, 1-64 resume da seguinte forma:

No tempo em que os judeus viviam em cativeiro na Babilónia, Joaquim, um abastado propriétario era casado com Susana, uma bela e virtuosa mulher. Viviam numa casa grande com um pomar junto ao rio. Costumavam receber diáriamente judeus ilustres. dois anciõos que haviam sido recentemente eleitos juixes, eram visita assídua da casa e cobiçavam secretamente a esposa do dono da casa Susana - em hebraico quer dizer Lírio, símbolo da pureza - ignorava essas intenções. Um dia, pela força do calor, e quando todos se haviam recolhido para a sesta, decidiu tomar um banho na ribeira que passava no pomar. Mandou fechar os portões da propriedade e pediu às servas que fossem buscar òleos e ungentos. Mas os anciãos tinham ficado dentro do jardim, e espreitavam-na no arvoredo. Quando a sentiram sozinha abordaram-na exxigindo que se lhes entregasse logo ali. Como ela recusou, os uizes ameaçaram-na de contar ao povo que ela cometera adultério. susana desatou em grande alarido e invocou a ajuda de Deus. Quando os criados acudiram, os perversos anciãos acusaram-na de atraiçoar o marido com um jovem. Naquele tempo a lei condenava à morte a mulher casada que cometesse adultério e dessa forma começou a ser julgada pelo tribunal. Indignado com toda a injustiça que estava a acontecer, um jovem cahamado Daniel resolveu intervir em ajuda de susana. No tribunal pediu que os acusadores fossem interrogados em separado. Como os detalhes de cada um foram discordantes, ficou provado que estavam a mentir e que Susana estava inocente. Foi absolvida e os infames juízes, por sua vez, condenados à morte.

Sendo esta uma historia biblíca, abades e patronos pediam aos artistas que ilustrassem este episódio tão moralizador quanto... picante. e mostravam essas obras nas suas residências, nos conventos e até na sacristia das igrejas, ou seja uma boa desculpa para mostrar a mulher nua, a mulher como objecto de desejo. este tema apresentou-se sempre de uma óptica de voyeur que convida o espectador a olhar o corpo da mulher como o "objecto mais belo" entre os representados nos quadros. Tal como a pintura (em cima) de Tintoretto, 1562.

De todos as pinturas que pesquisei sobre o tema, duas despertaram a minha atenção: a 1ª foi a de Artemisia Gentileschi, uma das raras pintoras antes do século XVIII. Ela realça o conflito entre os protagonistas: a repulsa de Susana e o insistente assédio dos velhos que parecem combinar entre si uma táctica de investida. Mais nenhum elemento, paisagem, personagem ou ornato, distraem a nossa tenção do acto que se desenrola à nossa frente. Um genuino repúdio da artista que foi violada por um colaborador da oficina do seu pai. (em cima)

A 2ª é uma das duas obras de Rembrandt sobre o tema. neste quadro aparece a susana, que embora preseguida pelos anciões, olha-nos nos olhos e parece descobrir que nóa, o público amador de pintura, não passamos de espreitadores, á socapa da nudez alheia. (em baixo)

É do constante desrespeito ás mulheres sempre que as tratam como objecto, que Susana se protege.